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Falta medicação para pacientes de hanseníase no Brasil

Data de publicação: 17/08/2020
Falta medicação para pacientes de hanseníase no Brasil
Hanseníase em criança no Recife

 

Sociedade Brasileira de Hansenologia pede providências ao Ministério da Saúde – medicação é doada pela OMS e produção internacional não foi interrompida na pandemia

A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) oficiou formalmente o Ministério da Saúde para que tome providências para solucionar a falta de medicamentos que pode estar ocorrendo em algumas regiões brasileiras. O problema vem sendo notificado informalmente ao governo federal desde março, mas o caso foi agravado com as denúncias iniciadas no estado de Pernambuco.

O presidente da SBH, dermatologista e hansenólogo Claudio Guedes Salgado, e o também dermatologista e hansenólogo Francisco Almeida, representante da SBH no Nordeste, denunciam que também faltam medicamentos substitutivos. A poliquimioterapia (PQT) para tratamento da hanseníase é doada pela Organização Mundial de Saúde e a produção não foi interrompida durante a pandemia do novo coronavírus, conforme documento disponibilizado no site Global Partnership for Zero Leprosy (https://zeroleprosy.org/novartis-kalwe-site-associates-mdt-covid19/).

Incapacidade física causada pela hanseníase em paciente do ParáO ofício da SBH alerta para os vários riscos ocasionados pela interrupção dos tratamentos. “A falta de tratamento aos pacientes de hanseníase pode acarretar problemas gravíssimos ao paciente e à sociedade em geral. Individualmente, o paciente não tratado fatalmente evoluirá com a história natural da doença para a incapacidade física, maior mantenedora de estigma e preconceito na sociedade, que será também coletivamente afetada pela transmissão do bacilo mantida pelos pacientes sem tratamento, bem como por todos os custos, emocionais, sociais e financeiros advindos da falta da PQT e das possíveis medicações substitutivas utilizadas para o tratamento da hanseníase. Adicionalmente, e tão grave quanto, existe a possibilidade do surgimento de cepas resistentes aos antibióticos tradicionais, que se juntariam às cepas resistentes já circulando no Brasil, potencializando significativamente o problema para a sociedade brasileira. Reiteramos que, caso se opte pela disponibilização dos medicamentos substitutivos, estes devem ser garantidos aos pacientes durante todo o tempo de tratamento”. O ofício acaba de ser publicado no site da SBH (http://www.sbhansenologia.org.br/noticia/oficio-da-sbh-ao-ministerio-da-saude-sobre-falta-de-medicamentos-para-tratamento-da-hanseniase).

O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase – perde apenas para a Índia. Apesar de notificar oficialmente cerca de 30 mil casos/ano (a título de comparação, este número é similar às notificações anuais de casos de AIDS somados aos casos de HIV positivos), a SBH já denunciou para vários organismos internacionais e também para o governo federal que existe uma endemia oculta no país por falta de diagnóstico e que os números podem ser de 3 a 5 vezes maiores que os dados oficiais.

O hansenólogo Francisco Almeida denunciou à diretoria da SBH que, apenas na unidade de referência de Cabo de Santo Agostinho, na região metropolitana do Recife, encontram-se 220 pacientes em tratamento para a hanseníase, incluindo crianças, além da demanda preocupante de novos casos e recidiva (volta da doença, após o encerramento do tratamento) que por ora ficarão sem tratamento.

A hanseníase tem cura. Mas o diagnóstico no Brasil é feito tardiamente porque falta capacitação dos serviços de Atenção Básica à Saúde, quando o paciente já apresenta sequelas – durante todo o ano a SBH promove cursos gratuitos de capacitação/treinamento para profissionais de saúde nas regiões brasileiras de alta endemicidade para a doença. A falta de medicamentos certamente provocará o surgimento e agravamento de sequelas incapacitantes e irreversíveis. A hanseníase é transmitida por um bacilo que afeta os nervos. A evolução da doença cursa com perda de sensibilidade na pele e perda de força nos músculos da face, mãos e pés. A hanseníase é a doença infecciosa que mais cega no mundo.

Anualmente, o Brasil dispende milhões de reais, através do INSS, em benefícios por afastamentos temporários ou permanentes por hanseníase. “O diagnóstico precoce evitaria não apenas os custos financeiros, mas a marginalização desses pacientes”, alerta Salgado. No final de 2019, a SBH entregou à Relatoria Especial das Nações Unidas para a Eliminação da Discriminação contra Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares um documento de mais de 40 páginas denunciando as várias formas de preconceito existentes no Brasil contra essas pessoas.

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