SBH avalia casos suspeitos de hanseníase em Ribeirão Preto

Brasil ainda não tem a doença sob controle. Ribeirão Preto tem um dos mais altos índices do Estado

32 casos suspeitos serão avaliados pela Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) dia 1° de setembro/2015 na Unidade Básica de Saúde de Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão Preto-SP. Os casos foram levantados nas escolas estaduais Profa. Cordelia Ribeiro Ragozzo e Francisco da Cunha Junqueira, de Bonfim Paulista. Eles foram identificados pela Vigilância Epidemiológica do município na ação de busca ativa de casos durante a Campanha Nacional de Hanseníase, de 10 a 14 de agosto.

No município – indicado como prioritário para a campanha realizada pelo Ministério da Saúde –, a prevalência da hanseníase é de 1,65 caso para cada 10.000 habitantes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que a prevalência da doença seja de até 1 caso para cada 10.000 habitantes. No Brasil, esse número chega a 1,42 caso para 10.000 habitantes. O estado de São Paulo tem a doença controlada em 0,5/10.000. Em 2013 foram diagnosticados 94 casos novos em Ribeirão Preto e, em 2014, foram 87 casos novos.

O presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade, alerta para a necessidade de conscientização para toda a comunidade médica, além de educadores e famílias. “O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico”, alerta.  Ele explica que uma das principais ações para controlar a doença no país é a observação por parte do próprio paciente, da família, educadores e médicos. A SBH é a responsável pela aplicação das provas para concessão do Título de Especialista e Certificado de Áreas de Atuação para médicos das áreas de Dermatologia, Clínica Médica, Infectologia, Neurologia, Medicina de Família e Comunidade, Medicina Preventiva e Social. “Mas é fundamental que todos os profissionais da saúde estejam alertas. A doença não pode ser esquecida”, ressalta.

A maior preocupação da SBH no momento é o grande número de casos novos principalmente em crianças abaixo de 15 anos de idade. “Isso é um indicador que nos coloca em alerta quanto à realidade endêmica no Brasil”. Segundo o médico, “inserções de busca ativa de casos novos por profissionais filiados à SBH de todo o país têm demonstrado percentuais de casos novos elevados, mesmo em regiões com indiciadores de controle da endemia já alcançados há anos”.

A SBH realiza o Congresso e o Simpósio Brasileiro de Hansenologia – e a 8ª edição do simpósio, que acontece de 30 de outubro a 2 de novembro, em São Paulo, elegeu o tema “Ações para diagnóstico precoce e/ou oportuno da hanseníase”. O simpósio oferecerá 500 vagas gratuitas para treinamento de agentes comunitários da saúde. É uma das poucas oportunidades de atualização profissional em hansenologia no país.

SBH

A SBH é apoiadora da Campanha Nacional e, desde 1947 trabalha para erradicar a doença no Brasil. É a realizadora do Simpósio Brasileiro de Hansenologia e do Congresso Brasileiro – este acontece a cada três anos. São os únicos eventos no país que tratam especificamente do tema e atendem a uma rede de profissionais da saúde que inclui: médicos das áreas de dermatologia, infectologia, clínica médica, neurologia, ortopedia, oftalmologia, medicina da família e comunidade, medicina preventiva e social, além de profissionais de fisioterapia, terapia ocupacional, assistência social, história, biomedicina e alunos de graduação. A SBH é a responsável pela aplicação da prova teórico-prática para obtenção do certificado de área de atuação em hansenologia para médicos. As provas são realizadas a cada três anos, durante o congresso da entidade.

A SBH é presidida por Marco Andrey Cipriani Frade, dermatologista pela SBD-AMB (Sociedade Brasileira de Dermatologia-Associação Médica Brasileira) e hansenologista pela SBH-AMB, coordenador de Residência Médica de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP (HCFMRP-USP), coordenador do Centro de Referência em Dermatologia Sanitária - Hanseníase - HCFMRP-USP.