Pernambuco - Saúde recebe treinamento em hanseníase

Profissionais da saúde receberão treinamento em hanseníase, de 24 a 27 de outubro, em Recife (PE). O curso “Ação Hanseníase em Pernambuco” é destinada aos serviços de referência em hanseníase estaduais e municipais, equipes do sistema prisional, médicos residentes e os dermatologistas associados da Sociedade Brasileira de Dermatologia de Pernambuco (SBD-PE).

As aulas acontecerão no Hospital Otávio de Freitas sob coordenação do presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), Marco Andrey Cipriani Frade. O curso é promovido pelo Centro de Referência Nacional de Dermatologia Sanitária com Enfoque em Hanseníase (CRNDSHansen), com apoio da SBH, Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, Hospital Otávio de Freitas e SBD-PE.

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial da hanseníase – atrás da Índia. Anualmente, são notificados cerca de 30 mil novos casos. A SBH alerta para a possibilidade de subnotificação de casos de hanseníase no país e chama a atenção para o grande número de pacientes com menos de 15 anos. “Isso mostra que o paciente teve contato com a doença muito jovem – em casa ou na escola, por exemplo – pois a hanseníase fica incubada por muitos anos e só se transmite de pessoa doente sem tratamento para pessoa saudável”, explica o médico Marco Andrey Cipriani Frade.

A doença

A doença pode se manifestar com manchas avermelhadas ou esbranquiçadas na pele. Essas áreas perde​m a sensibilidade: o paciente não sente dor, frio, calor ou mesmo um toque porque tem os nervos afetados. E o doente também pode perder força para segurar objetos. Hanseníase é ainda a doença infecciosa que mais causa cegueira. Porém tem cura. O tratamento é gratuito em todo o Brasil. É só procurar uma unidade de saúde.

A hanseníase é conhecida como “doença negligenciada”, pois foi esquecida, raramente é discutida nas escolas e pelas famílias e isso colabora para aumentar o número dos doentes em todo o Brasil. Muitos deles nem sabem que estão doentes, pois é uma doença de difícil diagnóstico, principalmente nas formas mais iniciais. “Por isso, é fundamental que as pessoas estejam sempre atentas, prestando atenção ​na pele​, avaliando sua sensibilidade​ e a presença de manchas​”, alerta o médico Marco Andrey.

Pernambuco

O estado de Pernambuco é classificado, segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (OMS), como área de “Endemicidade Muito Alta” (referente ao indicador de detecção de casos novos de hanseníase) e “Hiperêndemico” (nos casos novos menores de 15 anos). Analisando os indicadores epidemiológicos, Pernambuco revela uma endemia oculta, ocupando o 9° lugar no Brasil em detecção geral e o 5° em detecção em menor de 15 anos. Com base nos indicadores de 2014, observou-se uma redução dos resultados alcançados em relação à detecção de casos novos de 2015 – no ano passado foram identificados 2.362 casos novos de hanseníase (88,7% do esperado) e 237 casos novos em menores de 15 anos (86,5% do esperado). Destes, 2.069 casos (87,6%) foram avaliados quanto ao Grau de Incapacidades na notificação, dos quais 13,8% e 4,8% apresentaram Grau de Incapacidade I (com diminuição ou perda de sensibilidade) e II (incapacidades ou deformidades mais avançadas), respectivamente, o que indica diagnóstico tardio da doença. Nesse mesmo período, foram informados 8.354 contatos registrados dentre o grupo de pacientes em seguimento (coorte), sendo 6.770 contatos examinados na coorte (81,0%), resultado considerado bom de acordo com os parâmetros do Ministério da Saúde. Os casos novos curados nos anos das coortes representaram 78,1%, considerado regular para o período avaliado.